Clavis Universalis é o nome com o qual ficou conhecida a tradição renascentista de busca de um saber universal que permitisse, mediante um conjunto de técnicas, apreender a trama da realidade para além das diferenças dos fenômenos. Abandonada depois do sucesso da ciência galileana e newtoniana, essa tradição tem sido silenciosamente renovada no pensamento contemporâneo, seja pelo entendimento genérico da noção de informação por via computacional, seja pelas novas tecnologias, que tornam esse entendimento patente. A Nova Psicanálise vem evidenciar isso ao tomar o princÃpio da chave universal para situar a estrutura mÃnima de funcionamento inconsciente...
Clavis Universalis é o nome com o qual ficou conhecida a tradição renascentista de busca de um saber universal que permitisse, mediante um conjunto de técnicas, apreender a trama da realidade para além das diferenças dos fenômenos. Abandonada depois do sucesso da ciência galileana e newtoniana, essa tradição tem sido silenciosamente renovada no pensamento contemporâneo, seja pelo entendimento genérico da noção de informação por via computacional, seja pelas novas tecnologias, que tornam esse entendimento patente. A Nova Psicanálise vem evidenciar isso ao tomar o princípio da chave universal para situar a estrutura mínima de funcionamento inconsciente: o acolhimento indiferenciante de qualquer emergência sintomática, indiciado a partir da idéia de Revirão, máquina lógica que inscreve todo sim e todo não como situações de alternância ou exclusão, em face da possibilidade de sua indiferenciação. Portanto, a chave universal é o Revirão, que abre as fechaduras no interior das quais as diferenças resistem, e fornece o código de acesso ao modo próprio de operação da psicanálise. São consideráveis as conseqüências dessa postura para pensarmos a natureza do conhecimento, seu estatuto e condições de possibilidade. É o que esse livro – que transcreve o Falatório do autor de 2005 – explora, em pelo menos, duas frentes. De um lado, num ato de apropriação de inspiração duchampiana, afirma que a psicanálise é Arché de toda e qualquer técnica terapêutica, ou seja, que a referência à vontade analítica de indiferenciação reduz as ditas terapias a meras técnicas eventualmente úteis, dependendo de cada caso. De outro, avança no desenvolvimento da Gnômica, teoria do conhecimento concebida pela Nova Psicanálise, através do conceito de Pessoa, tornado equivalente a Eu. Está aí uma das contribuições mais inovadoras desta teoria: Eu = Pessoa é uma singularidade, isto é, “uma máquina de fazer infinitudes”, pois que a resultante que uma Pessoa é, a cada caso e a cada momento, só pode ser abordada como rede que se forma e deforma na razão direta da resistência das formações sintomáticas que são sua própria tessitura e, em última instância, determinadas pela chance de Revirão. Concebida em rede, uma Pessoa se configura em pólos – seus aglomerados concentrados de resistência, com foco – sua força maior discernível e infinitizável – e franja – que não se sabe onde termina. Não existe centralidade num campo de forças assim pensado e, por isso mesmo, é possível afirmar “o mundo sou eu” – restando acompanhar e cuidar das amplitudes da Pessoa, considerada a possibilidade de sua abrangência por exercício de indiferenciação. A análise é infinita. A Pessoa, um work in progress.
ISBN: 978-85-87727-39-8
Idioma: Português
Peso: 0.000 Kg
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: 2007
Número de Páginas: 224